Carta 38 publicada a 4 abril 2013

O POVO SUMMORUM PONTIFICUM ESTÁ DE VOLTA A ROMA PARA O ENCERRAMENTO DO ANO DA FÉ


Como acontece com a imensa maioria dos católicos, também nós não conhecíamos o Cardeal Bergoglio antes que ele aparecesse na varanda de São Pedro como o nosso novo Sumo Pontífice. Por isso, não experimentamos nem entusiasmo nem inquietude acerca do Papa Francisco, mas apenas um grande desejo de o conhecer. Sabemos, naturalmente, que, como arcebispo de Buenos Aires, tinha permitido com grande rapidez a celebração da forma extraordinária do rito romano, logo após o motu proprio Summorum Pontificum, e que, ao mesmo tempo, se tinha assegurado de que esta celebração permanecesse o mais limitada possível. Uma atitude muito comum por entre a maior parte do episcopado, infelizmente…

Tudo para dizer que desde há uma semana que seguimos com interesse os seus primeiros gestos e escutamos com atenção as suas primeiras palavras. E, sobretudo, tentamos não nos deixar tomar pela distorção mediática que rodeia cada uma das suas intervenções. Se alguns desde gestos são surpreendentes – a começar pela ausência de bênção na audiência com a imprensa “para respeitar a consciência de cada um” –, outros há que causam conforto, como as orações dirigidas a Nossa Senhora, a Santo Inácio e a São Pio V, por ocasião da visita a Santa Maria Maior. Quanto às palavras, é certo que não têm a riqueza doutrinal das de Bento XVI, mas têm a simplicidade e a clareza de uma catequese eficaz: a salvação pela Cruz (homilia de 14 de Março); a Igreja, Corpo Místico de Cristo (discurso aos cardeais, de 15 de Março); comunicar a Verdade, a Bondade e a Beleza (à imprensa, a 15 de Março); o respeito pela Criação (a 16 de Março e no dia 19, durante a missa de inauguração do pontificado); a omnipotência da misericórdia divina (Angelus de 17 de Março).

E no que nos diz respeito de modo específico, isto é, quanto à questão da plena reconciliação litúrgica no seio da Igreja, queremos ver como um sinal de encorajamento o anúncio de uma nova peregrinação do povo Summorum Pontificum a Roma, de 24 a 27 de Outubro de 2013.

Eis aqui o comunicado assinado pelo Cœtus Internationalis Summorum Pontificum (CISP), recebido na segunda-feira, dia 18 de Março, seguido por alguns comentários.


I –  O COMUNICADO DO CISP

O Cœtus Internationalis Summorum Pontificum (CISP) tem a alegria de anunciar que irá concluir o seu Ano da Fé da mesma maneira que o começou: com uma peregrinação Ad Petri Sedem.
Depois do sucesso espiritual conseguido pela peregrinação 2012, o povo Summorum Pontificum volta a fixar o ponto de encontro em Roma a fim de testemunhar a juventude perene da liturgia tradicional junto do Túmulo do Apóstolo. O CISP pretende assim participar da harmonia e da edificação da Igreja universal, na docilidade à acção do Espírito Santo.

Para responder às palavras de encorajamento que lhe foram dirigidas pelo Cardeal Cañizares Llovera, Prefeito da Cpngregação para o Culto Divino, “seguir adelante” (“seguir em frente”), o CISP tinha pedido, logo no início do ano, a disponibilidade da Basílica de São Pedro ao seu Arcipreste, o Cardeal Angelo Comastri. No passado sai 14 de Março, o Cardeal Comastri confirmou a disponibilidade da Basílica para o sábado, dia 26 de Outubro, pelas 11 horas, para que aí se possa realizar a celebração solene que será o ponto alto de toda a peregrinação.

O Cœtus Internationalis Summorum Pontificum agradece ao Cardeal Comastri pela sua hospitalidade e convida todos os grupos ligados à forma extraordinária do rito romano a começarem desde já a preparar-se pela oração para a peregrinação e a associarem-se ativamente à sua organização.

***

Criado no passado mês de Julho, o Cœtus Internationalis Summorum Pontificum é o organizador da peregrinação do povo Summorum Pontificum — isto é, sacerdotes diocesanos ou pertencentes a comunidades, seminaristas, religiosos e fiéis ligados à liturgia tradicional — até Roma. Este ano a pilotá-la será um comité constituído por: Giuseppe Capoccia, delegado-geral; Guillaume Ferluc, secretário-geral; e o Pe. Claude Barthe, capelão. O Conselheiro Giuseppe Capoccia, que é um alto funcionário do Estado italiano, vem suceder ao Conselheiro Riccardo Turrini Vita, que, no passado dia 31 de Dexzembro, foi nomeado juiz do Tribunal de Apelação do Estado do Vaticano.

Contacto : +39 366 70 46 023 / cisp[at]mail.com
http://unacumpapanostro.com/


II –  OS COMENTÁRIOS DA PAIX LITURGIQUE 

1)  O facto de que a resposta do Cardeal Comastri, arcipreste da Basílica Vaticana, traga a data do primeiro dia do pontificado de Francisco não é privo de sentido: significa que, graças às anteriores celebrações, começadas em 2009, e à excelente impressão deixada pela peregrinação de 2012, a liturgia tradicional já não é causa de debate em São Pedro. De certa maneira, é a resposta a quantos anunciam a caducidade do motu proprio de Bento XVI. Por muito que isso desagrade aos que desejam a sua revogação (ou a quantos a temem!), o Summorum Pontificum foi estabelecido como lei universal para toda a Igreja... e continua a sê-lo.

2) O nosso correspondente em Roma assegura-nos que, como já aconteceu no ano passado, a missa solene em São Pedro do dia 26 de Outubro próximo será precedida de uma procissão pelas ruas de Roma, o que fará dela o ponto culminante desta peregrinação. De todas as maneiras, ele chama também a atenção para o facto de peregrinação que ela apenas terminará no domingo, 27 de Outubro, dia da festa de Cristo-Rei segundo o calendário tradicional, ou seja, a mesma festa que no calendário moderno marcará, a 24 de Novembro de 2013, o fim do Ano da Fé. Uma coincidência que, na realidade, o não é e que os organizadores explicam pela sua preocupação em manifestar a unidade da Igreja universal. No seu comunicado, eles declaram-se desejosos de “participar da harmonia e da edificação da Igreja universal, na docilidade à acção do Espírito Santo”, numa alusão clara às palavras do novo Sumo Pontífice dirigidas aos cardeais a 15 de Março.