Carta 42 publicada a 16 setembro 2013

VÃO SURGINDO MISSAS NOVAS EXTRAORDINÁRIAS EM FRANÇA, ITÁLIA, CROÁCIA…



A festa de São Pedro e São Paulo, cuja data no ordo de Paulo VI permaneceu inalterada em relação ao calendário tridentino (29 de Junho), assinala o fim do ano escolástico nos grandes seminários e desde há meio século que se tornou também a data habitual para as ordenações, em lugar das missas do sábado de Quatro Têmporas, que antes eram liturgicamente destinadas a este efeito. Por conseguinte, o mês de Julho é também agora o mês das missas novas dos sacerdotes recém-ordenados.


Frequentemente, estas missas novas permitem ver os sacerdotes dos institutos Ecclesia Dei a celebrar em igrejas que ordinariamente estão encerradas à forma extraordinária. Este ano, foi, por exemplo, o caso da Catedral de Velletri, a sul de Roma, onde celebrou o Padre Massimo Botta, acabado de ser ordenado para a Fraternidade de São Pedro. Além disso, esta tradição vai permitindo a cada vez mais sacerdotes a possibilidade de escolherem a forma extraordinária para a sua missa nova. Uma escolha que também foi a do Padre Manuel González, um dos seis novos sacerdotes da diocese de Toledo (Espanha), o que demonstra que a geração Summorum Pontificum é uma realidade que se vai reforçando a cada ano que passa.


I –  A “MISSA NOVA” DA CROÁCIA

Entre as missas novas a destacar este ano, queríamos sublinhar esse acontecimento especial que foi a missa celebrada no domingo de 30 de Junho passado, em Zagrebe, pelo novo sacerdote Marko Tilosanec. Nascido em 1986, o Padre Tilosanec fez os seus estudos no seminário de Zagrebe, sendo depois ordenado para a diocese de Varazdin, que é sufragânea daquela. Erigida em 1997, a diocese de Varazdin conta com mais de 160 sacerdotes para uma centena de paróquias: de facto, diferentemente do que sucede nos demais países da União Europeia, a que acabou de se juntar, a Croácia abriga um catolicismo ainda sólido, apesar de a taxa de prática dos 90% de católicos do país ser apenas ligeiramente superior a 15% (lembre-se que em França, por exemplo, esta taxa não vai além dos 4%).

A forma extraordinária é quase desconhecida na Croácia. A Fraternidade São Pio X não tem aí qualquer celebração habitual e, em todo o país, existe apenas um caso de aplicação dominical e semanal do Motu Proprio Summorum Pontificum, em Zagrebe: precisamente no lugar que acolheu o Padre Tilosanec para a sua missa nova.




Em virtude de uma hierarquia eclesiástica muito “conservadora” e pouco favorável à forma extraordinária do rito romano, o Padre Tilosanec não pôde senão celebrar uma missa cantada numa capela relativamente exígua. Os fiéis, na sua maioria da idade do celebrante (25-30 anos), tinham preparado um livrete de missa com uma palavra preliminar que explicava a originalidade da missa tradicional: a colocação “ad orientem” do celebrante, o seu tom de voz, as orações aos pés do altar, o texto da oração do ofertório, a atitude dos fiéis, a comunhão distribuída na língua, etc. É opinião unânime que tudo correu pelo melhor. Acrescentemos, porém, um pormenor tocante: para esta comunidade que beneficia desde Fevereiro de 2001 da aplicação dominical e semanal do Motu Proprio Summorum Pontificum, ainda que em condições difíceis, foi a primeira vez que aí se pôde assistir a uma missa com incensamento.

Como nos foi confidenciado por um dos participantes desta missa nova do Padre Tilosanec: “Ao mesmo tempo que os políticos croatas celebram a entrada da Croácia na União Europeia, nós aqui, na igreja de São Martinho, celebramos algo que nos liga muito mais profundamente à Europa e a todo o mundo católico.”





II –  AS MISSAS NOVAS DA FRANÇA

Em França, este ano, podemos assinalar a missa nova em forma extraordinária dum jovem sacerdote diocesano nos Pirinéus e ainda uma outra em Versalhes, onde o Padre Guillaume Dupont celebrou a 1 de Julho a sua missa nova na igreja de Notre-Dame-des-Armées. E eis que temos mais um sacerdote “idóneo” na diocese de Versalhes para os efeitos do Motu Proprio. Rezemos para que se lhe dê a liberdade de poder satisfazer os numerosos pedidos de aplicação do Motu Proprio que ainda estão à espera de resposta por parte da diocese.

Vemos assim que o Motu Proprio vai amadurecendo progressivamente no interior dos seminários: há alguns anos, os novos sacerdotes “restauradores” exibiam a sua batina a partir do dia da sua ordenação; hoje, eles já celebram a missa nova em forma extraordinária. É aliás provável que o fenómeno se venha a acentuar no próximo ano, já que os futuros sacerdotes, os da colheita de 2014, serão jovens entrados no seminário em 2007, quando Bento XVI tinha acabado de publicar em Julho o Motu Proprio. A geração Motu Proprio vai abrindo caminho!