Carta 99 publicada a 30 agosto 2019
Mais de 100 milhões de fiéis católicos em todo o mundo desejam viver a sua fé ao ritmo da liturgia tradicional
SITUACAO DA LITURGIA TRADICIONAL NO MUNDO A FINAIS DE 2018: TERCEIRA PARTE OS FIEIS
A partir de agora, as cartas em português da Paix Liturgique serão publicadas exclusivamente no blog "Senza Pagare".
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Tendo já visto que a Missa tradicional é hoje em dia celebrada em cerca de 80 países e tendo mostrado que mais de 4.500 sacerdotes católicos celebram hoje a missa segundo o usus antiquior, na presente carta trataremos a questão do número de fiéis católicos que, mundo afora, se encontram ligados à liturgia tradicional da Igreja. Pedimos, por isso, a Christian Marquant que nos apresentasse os resultados do inquérito que expôs durante as jornadas Summorum Pontificum, em Roma, a 26 de Outubro de 2018.
Paix Liturgique - Nesta terceira parte do nosso balanço, iremos tratar da questão dos fiéis ligados à missa tradicional.
Christian Marquant – Para responder a esta questão, será necessário percorrer o caminho que fizemos desde os tempos de "Oremus" até hoje. Lembro que 30 anos atrás, as autoridades eclesiásticas não estavam dispostas a reconhecer que a nossa existência era uma realidade... Por isso, foi-nos necessário pôr em marcha não só uma reflexão mas também aqueles meios que, ao longo de mais de três decénios, permitiram que justamente chegássemos hoje a formular uma estimativa de qual seja o número dos fiéis católicos que mundo afora estão ligados à liturgia tradicional. Primeiro, foi necessário reflectir a fim de chegar a obter uma resposta satisfatória para França...depois foi a vez do resto do mundo!
Paix Liturgique - Qual foi o procedimento adoptado?
Christian Marquant – Num primeiro momento, procedemos a um inventário para França do número de missas tradicionais, para assim chegarmos a estabelecer o número de fiéis que a elas assistiam.
Paix Liturgique - E consegue obter desse modo o número exacto dos fiéis que praticam a forma extraordinária?
Christian Marquant – Não, mas consegue-se um primeiro número. Como sabe, a missa tradicional é muito pouco celebrada quando comparada com a forma ordinária. Isso é verdade para França, mas ainda o é mais para muitos outros países. Por isso, há muitíssimos fiéis que, estando distantes das capelas tradicionais, não podem assistir a estas celebrações regularmente. Mas mais ainda: hoje, muitos católicos, mesmo entre os que estão ligados à missa tradicional, não praticam todos os domingos, ou porque estão influenciados pelo laxismo circundante, ou, pelo contrário, porque, em não podendo assistir à missa tradicional, preferem não assistir à missa e lê-la num missal, considerando ser-lhes demasiado difícil ter de suportar a missa nova. É por isso necessário introduzir uma correcção no valor do núcleo dos fiéis contabilizados num dado domingo, tendo em conta destes dois parâmetros.
Paix Liturgique - Será que os sacerdotes que servem esses locais têm consciência disso?
Christian Marquant – Certamente! Ainda que nem todos consigam abarcar bem este facto. Quanto a mim, creio que, tomando em conta os elementos que referi, o total dos praticantes num dado domingo deverá ser multiplicado em média por 3, se quisermos medir o número real dos praticantes ligados a uma certa capela. E sobretudo se quisermos considerar os praticantes muito irregulares que não frequentam a igreja senão nas grandes festas como no Natal ou na Páscoa, ou no Domingo de Ramos, que ainda interpelam muitos dos semi-praticantes.
Paix Liturgique - Tudo considerado, qual o número para um país como a França?
Christian Marquant – Se estimarmos que, em França, há cerca de 450 capelas onde se celebra a missa tradicional e que o conjunto médio de fiéis será de 150, deparamo-nos com uma base de praticantes de pelo menos 67.500 cada domingo.
Paix Liturgique - E é este o número que lhe mereceria correcções?
Christian Marquant – Precisamente! Aplicando o multiplicador 3 – isto é, se estimarmos que, cada domingo, são 67.500 os fiéis que assistem a uma missa tradicional em França – é então legítimo pensarmos que os praticantes ligados a estas capelas perfazem um total mínimo de 200.000 fiéis católicos.
Paix Liturgique - Não é relativamente pouco?
Christian Marquant – Sim, é de facto pouco por comparação com os 40 milhões de franceses que se declaram católicos, mas não esqueçamos que, destes 40 milhões, apenas cerca de 2,4 milhões se podem considerar como praticantes "regulares" segundo critérios próximos dos que assumimos para chegar ao número de praticantes "tradis" em França. Isto significa que os nossos 200.000 fiéis que frequentam a liturgia tradicional poderiam representar hoje cerca de 8% dos praticantes franceses, o que está bem longe de ser ridículo.
Mas não podemos quedar-nos por aqui; não nos podemos contentar com este tipo de contagem. De facto, no encontro precedente, mencionei que o número de capelas onde se celebra a missa tradicional é tão modesto, que devemos ter em conta não apenas os fiéis que assistem às missas "extraordinárias", mas também os que o desejariam e não o podem fazer de modo habitual.
Paix Liturgique - E no entanto, hoje temos há disposição meios de transporte que permitiriam a todos participar destas celebrações...
Christian Marquant – Em teoria, tem razão, mas só alguns raríssimos fiéis, que poderíamos comparar a autênticos heróis, conseguem fazer essa opção. A imensa maioria dos fiéis ligados à missa tradicional são senhoras e homens, motivados sem dúvida, mas para os quais, por várias razões – idade, famílias numerosas, fracos meios financeiros, obrigações familiares ou sociais, etc. – essa opção não parece ser razoável. Além de que uma parte deles pertencem aos "silenciosos da Igreja".
Paix Liturgique - O que entende por "silenciosos da Igreja"?
Christian Marquant – Os "silenciosos" são aqueles católicos que não se sentem à vontade com as inovações impostas no seio da Igreja desde há 50 anos em matéria de catequese e de liturgia. Eles não têm por hábito contestar ou manifestar-se junto das autoridades, contentando-se em seguir, mas arrastando os pés, enquanto aguardam por melhores dias que hão-de vir, assim o esperam, quando as coisas do culto haverão de estar de harmonia com o seu instinto espiritual e doutrinal, aquilo que, no meu entender, podemos chamar de insinto da fé.
Paix Liturgique - Mas então estes "silenciosos" jamais se manifestam?
Christian Marquant – Eles deixaram de o fazer, ou não o fazem com vigor, e entende-se porquê. Todas as vezes que abordei alguns destes fiéis, constatei que, nas respectivas paróquias, quando as inovações iniciaram, eles haviam feito saber ao seu pároco quais eram as suas aspirações e quais as suas discordâncias; todavia, como, as mais das vezes, foram violentamente repreendidos e apodados de"velhos do Restelo", saudosistas, retrógrados, nostálgicos, frequentemente passaram a preferir calar-se ... ou mudar-se para outro lugar.
Paix Liturgique - Crê que é daí que vem a queda na prática religiosa?
Christian Marquant – Seria indubiamente exagerado reduzir o fenómeno da queda na prática religiosa no Ocidente apenas a este motivo. A razão principal, segundo o historiador Guillaume Cuchet, está no sentimento generalizado de que o Concílio teria eliminado da vida dos católicos todo e qualquer dever absolutamente obrigatório. Mas há também esse apsecto do desamor dos fiéis a respeito da Igreja desde o Concílio, nomeadamente em relação à igreja enquanto edifício. Um outro historiador, Luc Perrin, mostrou até que ponto as profundas alterações do espaço cultual descontentaram e desalentaram os fiéis praticantes. É aliás notório que um número não insignificante de católicos deixaram de praticar por fuga à revolução litúrgica, porque lhes tinham "mudado a religião". Na verdade. Todos estes motivos estão interligados: o clero conciliar, de lés a lés, pretendeu impor uma nova maneira de rezar e de crer, o que, para lá do juízo de fundo que possamos fazer a respeito desta inovação, acabou por não funcionar em absoluto do lado dos fiéis. Seria uma heresia? Pode até ser, mas, em todo o caso, trata-se indiscutivelmente de um fracasso, sabendo como se sabe que, em França, temos hoje em dia uma prática religiosa reduzida a 2% dos baptizados em França!
Paix Liturgique - Perdoe-me se insisto, mas como consegue medir a importância destes fiéis silenciosos, se, por definição, eles não se manifestam?
Christian Marquant – Eles não se manifestam de modo vigoroso, mas, ainda assim, eles exprimem-se, sobretudo quando se lhes dá ocasião para isso. Desde os anos 70, isto é, desde a brutal imposição da reforma litúrgica nas nossas paróquias, tivemos já diversas ocasiões de assistir a isso, ou seja, ociasiões para medir a amplitude desse desamor.
De facto, o termo "silenciosos" foi inventado por Pierre Debray, um homem fascinante, um convertido e um tribuno magnífico, que deu ao seu próprio movimento o nome de "Silenciosos da Igreja". Mas pela sua parte, Pierre Debray falava bem alto em nome dos outros! Ele reumiu uma "Assembleia dos Silenciosos da Igreja" em Versalhes, em Novembro de 1970, cujo sucesso deve ter feito reflectir aos especialistas em sociologia religiosa. Mas estes permaneceram por longo tempo cegos, não obstante todos os sinais que podiam detectar.
Nomeadamente, este: em 1976, a meio de um Verão em que muito se falava de Mons. Lefebvre, a quem acabava de ser aplicada uma primeira sanção, o jornal diário de Lyon, "Le Progrès", encomendou uma sondagem ao organismo Ipsos a respeito do "Caso Lefebvvre". Os resultados foram realmente extraordinários – vamos aliás publicar de novo na íntegra esta sondagem histórica na próxima carta da Paix Liturgique. Faço aqui notar dois dados:
- 28 % dos católicos interrogados aprovavam a decisão de Mons. Lefebvre de ordenar sacerdotes desprovido de mandato de Roma;
- e sobretudo, 48 % dos católicos praticantes estimavam que "A Igreja de hoje, com o pretexto da reforma, tinha ido longe demais" …
Interrogado pelos jornalistas, o Cardeal Renard, arcebispo de Lyon à época, confessava-se surpreendido com estes números. Toadavia, tanto quanto sabemos, nem por isso o efeito destes números levou os nossos bispos a proceder a novos inquéritos ou, então, a criar uma comissão no seio da conferência episcopal francesa. Como quer que seja, nessa época, os responsáveis eclesiásticos eram incapazes de ver esta realidade: eram eles, e só eles, que sabiam o que era melhor para a Igreja e para os cristãos, e nada havia que os pudesse fazer desviar do seu grande plano reformador.
Como bem compreende, o nosso desejo era, bem ao contrário, o de saber mais acerca destes "silenciosos" com quem nos cruzávamos frequentemente e o de tentar medir este fenómeno no início do terceiro milénio, 35 anos após o fim do Concílio.
Paix Liturgique - E o que fez de seguida?
Christian Marquant – Mais sondagens. Foi, de facto, neste contexto que a "Oremus – Paix Liturgique" se lançou nesta aventura das sondagens. Lembremos, no entanto, que se tratava de um domínio que nos era estranho e do qual não tínhamos qualquer experiência. De mais a mais, era uma aventura dispendiosa, e alguns amigos chegaram a aconselhar-nos a não nos aventurarmos nisto porque o próprio princípio das sondagens era malsão... (conquanto seja precisamente este o método habitualmente utilizado pelos nossos adversários).
Foi assim que, em 2001, atravessámos o Rubicão – a frase é algo exagerada, mas não completamente, se considerarmos os resultados espantosos que viemos a apurar: a longo prazo, um autêntico golpe de Estado, ou golpe de Igreja – e encomendámos a nossa primeira sondagem à Ipsos. Depois, repetimos a experência, ainda em França, em 2006 e 2008, por ocasião da vinda do Papa Bento XVI a França, desta feita recorrendo, em ambas as ocasiões, aos serviços da CSA.
Não entremos agora em pormenores, que são narrados nas nossas brochuras, que todas as pessoas nos podem pedir. Fiquemos pelos resultados. Observamos desde logo que os resultados das três sondagens são globalmente os mesmos, o que indicia uma grande estabilidade de posições.
Dos resultados obtidos, destacaria aqui três números:
a) em traços largos, 30% dos católicos praticantes assistiriam de bom grado à missa "extraordinária", se a mesma fosse celebrada nas suas paróquias;
b) dois terços dos católicos acha normal a coabitação das duas formas do rito na própria paróquia;
c) os opositores desta pluralidade litúrgica (ou seja, do reconhecimento do direito de cidade à forma tradicional) representam menos de um terço dos católicos, conquanto sejam eles a deter ainda as rédeas das próquias e das estruturas do catolicismo francês, opondo-se vigorosamente a medidas de pacificação.
Paix Liturgique - Qual a lição a retirar destes resultados?
Christian Marquant – O resultado mais importante a reter é o de que, agora, podemos contabilizar aqueles "silenciosos": sabemos finalmente que eles correspondem a estes 30% dos paroquianos que desejam poder assistir à missa tradicional NAS SUAS PARÓQUIAS.
Valores estes, que se lhes aplicamos o método que põe em relação a quantidade dos fiéis tradicionais com a prática atestada, mostram que os fiéis ligados à missa tradicional não são na realidade 200.000 mas sim, pelo menos, 25% dos católicos franceses, isto é, pelo menos, 10 milhões de Franceses! O que muda tudo...
Paix Liturgique - Como conseguiu pôr em marcha esta obra das sondagens também fora de França?
Christian Marquant – Já chegava de ouvir os inimigos da Paix que nos puxavam as orelhas dizendo que o fenómeno tradicional não era senão uma coisa estritamente franco-francesa. Pois bem sabíamos pelos nossos amigos italianos e de outros lados que este movimento era dinâmico na maior parte do mundo católico. Nessa altura, estávamos em contacto com os nossos amigos do blog italiano "Messainlatino"*, a quem propusemos que se lançasse uma sondagem semelhante em Itália.
Cumpre dizer, claro está, que, à parte "Messainlatino", os nossos amigos em Itália, em geral, procuravam dissuadir-nos, afirmando que o seu país não era como a França e que os resultados seriam maus, ou até mesmo catastróficos... Em suma, uma autêntica síndroma de Estocolmo!
Apesar de tudo isso, lançámos uma sondagem de opinião em 2009, em parceria com os nossos amigos de "Messainlatino", encomendada ao instituto Doxa. Passo em silêncio os pormenores... Os resultados, esses, foram ainda melhores do que os obtidos em França:
- 71% dos italianos "Achavam normal a celebrração das duas formas do rito nas suas paróquias";
- e mais de 60% dos católicos praticantes desejavam poder assistir à missa tradicional NA SUA PARÓQUIA.
Paix Liturgique - Foi então que decidiu avançar com esta campanha?
Christian Marquant – Assim foi, e somente as questões económicas nos impediam de o fazer imediatamente. No entanto, entre 2010 e 2017, ainda fizemos realizar sondagens semelhantes em 7 países, a saber, na Alemanha, em Portugal e na Grã-Bretanha, em 2010, depois na Suíça e em Espanha, em 2011, e por fim, na Polónia e no Brasil, em 2017.
Paix Liturgique - Com que resultados?
Christian Marquant – Com resultados idênticos e, por vezes, ainda melhores do que em França. JAMAIS PIORES.
Por exemplo, em Portugal, país muito sinistrado, liturgicamente falado, os resultados foram extraordinários (30% dos católicos praticantes assistiriam de bom grado TODAS AS SEMANAS À LITURGIA TRADICIONAL, e 25% mais ou menos uma vez por mês...)
Os pormenores de todas as sondagens podem encontrar-se nas nossas brochuras...
Tudo visto, o resultado mais espectacular é de que, nos 10 países onde levámos a cabo as sondagens, encontramos um mínimo de 25% de fiéis que desejariam viver a sua fé católica ao ritmo da liturgia tradicional nas respectivas paróquias.
Paix Liturgique - Qual o significado deste resultado?
Christian Marquant – Concretamente, isto significa que, mundo afora, 25% dos católicos têm uma atração pela liturgia tradicional, a qual, em geral, não conhecem senão através de contactos episódicos de ouvir dizer, e que eles estão insatisfeitos com a liturgia que se lhes serve, se me permite a expressão.
Ora, atendo-nos às estatísticas do Vaticano, os fiéis católicos de rito latino são hoje 1.299.000.000**. Poderíamos, pois, estimar que um quarto de entre eles constitui em potência o povo Summorum Pontificum.
E mesmo se não retivermos senão uma fracção desse número total reduzindo-a a 10%, teríamos em todo o planeta um mínimo de 130 milhões de católicos que, de modo mais ou menos explícito, estariam à espera que se lhes ponha à disposição uma liturgia "como dantes" ou, se estiverem melhor informados, que esperam que os seus pastores apliquem o motu proprio proclamado por Bento XVI a 7 de Julho de 2007.
Paix Liturgique - Não acha, no entanto, que essa atração apenas diz repeito aos fiéis da velha Europa?
Christian Marquant – Desenganemo-nos: os outros são mais católicos do que nós! Em 2017, realizámos uma sondagem fora da velha Europa, no Brasil, e os resultados são ainda mais favoráveis em prol da missa tradicional do que os obtidos em França.
Mas a sua interrogação é também a nossa: e é por isso mesmo que acabámos de encomendar uma sondagem na Coreia, a admirável Coreia católica, cujos resultados serão publicados muito em breve. Mas posso adiantar desde já que são tão bons como os que obtivemos na Europa ou no Brasil. O que nos permite afirmar claramente que a nossa estimativa mundial não é infundada e que seria erróneo querer aplicá-la somente à velha Europa. O mundo inteiro espera uma renovação litúrgica!
Paix Liturgique - Tem intenção de continuar com as sondagens?
Christian Marquant – Sim, se a Providência nos ajudar a encontrar doadores generosos que no-lo permitam. Em média, uma sondagem do género destas de que falámos custa 7.500 €. Neste momento, já lançámos (a pedido do Cardeal Raymond Burke) uma sondagem nos Estados Unidos. Prevemos já, pelo menos, uma sondagem no México, outra na Ásia...
Há também aqueles países onde a situação económica torna difícil a realização de uma sondagem. Penso nomeadamente à maior parte dos países africanos. Temos ainda o projecto de realizar viagens missionárias a países onde a missa tradicional ainda não existe, mas onde a nossa intuição nos diz que os "silenciosos" a esperam.
Paix Liturgique - Estas viagens missionárias são ainda um projecto ou são antes uma realidade próxima?
Christian Marquant – Já levámos a cabo várias viagens deste tipo, que relataremos em cartas futuras. Dou-lhe um exemplo. Em Janeiro de 2018, empreendemos uma missão exploratória em Angola, um país onde, hoje em dia , ainda não é celbrada a missa tradicional (ou melhor, não o é mais, porque outrora, era-o). Pois posso dizer que encontrámos aí numerosos sacerdotes e fiéis que anseiam por esta celebração. Descobrimos que a Fraternidade São Pio X tem a intenção de aí se instalar num futuro próximo... Nem é preciso dizer que é evidente que ajudaremos estes angolanos para que possam beneficiar da missa tradicional e eperamos que este país já possa figurar no nosso Balanço 2019 entre os países onde a missa extraordinária é celebrada.
Paix Liturgique - Concluindo?...
Christian Marquant – São Tomás diz que todo o homem que vem a este mundo é ordenado à Igreja. É por isso que todo o cristão deve ser um missionário. Falando de liturgia, diria, de modo mais directo, que todos os católicos romanos têm necessariamente – se é verdade que ainda são católicos – a nostalgia da liturgia romana na sua plenitude.
Mais concretamente ainda, os fiéis que anseiam pela liturgia tradicional ou que a ela estão ligados são certamente mais de 100 milhões em todo o planeta. Exagero? Creia-me: as luas conciliares ficam cada vez mais velhas, e poderá ser que, muito em breve, assistamos na Igreja a "regressos" espantosos. Em todo o caso, nos próximos dez anos, verá que a missa tradicional será celebrada em todos os países que tenham uma comunidade católica latina. A questão imediata que se põe não é, por conseguinte, a de saber quantos sejam os fiéis "silenciosos" mundo afora, mas a de saber como é que todos nós, sacerdotes e leigos, vamos poder ajudar estes sacerdotes e leigos, nossos irmãos, que estão dispostos a vivê-la para seu maior bem espiritual e doutrinal e para a maior glória de Deus.
* Veja-se a nossa carta 677, "MESSAINLATINO aux origines d'une prise de conscience traditionnelle en Italie"
** Annuaire statistique de l'Église 2016 , Libreria Editrice Vaticana , 2018, págs. 17-19.