Carta 107 publicada a 7 dezembro 2020

SUMMORUM PONTIFICUM 2020 EM ROMA
UM SUCESSO E FUTURO !


Paix liturgique: Caro Bruno, se entendi bem, conseguiram manter as vossas tradicionais jornadas Summorum Pontificum, em Roma, há cerca de 15 dias, apesar das actuais restrições?

Bruno Roma: Lembro, em primeiro lugar, que há já 10 anos que o Cœtus Internationalis Summorum Pontificum mais um conjunto de organizações amigas, Paix Liturgique, Una Voce … organizamos, em princípio na véspera da festa litúrgica de Cristo Rei, uma série de manifestações em Roma que congregam como que uma amostra representativa do povo Summorum Pontificum.

Paix liturgique: Como é que nasceu esta iniciativa de reunir uma vez por ano o “povo Summorum Pontificum”?

Bruno Roma: No início, tratou-se de uma iniciativa de Mons. Nicola Bux que, apoiado pelo Cardeal Ranjut, então secretário da Congregação para o Culto Divino, teve a ideia de organizar uma peregrinação a Roma, junto da Cátedra de Pedro, em agradecimento pela promulgaçãodo motu proprio Summorum Pontificum, publicado em 2007 pelo Papa Bento XVI, que por fim vinha instaurar uma verdadeira paz para os fiéis ligados à liturgia tradicional.

 Paix liturgique: Foi dessa ideia que nasceu a primeira peregrinação?

Bruno Roma: Precismanente. Teve lugar em 2011, segundo um modelo que foi variando: no sábado, pela manhã, os fiéis reúnem-se numa igreja do centro histórico de Roma, para um tempo de oração, e em seguida, vão em procissão até à Basílica de São Pedro, onde assistem auma missa solene no altar da Cátedra. Por fim, no domingo, a peregrinação conclui-se com uma missa de acção de graças na paróquia da Trinità dei Pellegrini.

Paix liturgique: Mas não há já muitas procissões em Roma?...

Bruno Roma: Pelo que sei, há bem poucas que saiam do perímetro das respectivas paróquias. Além disso, a nossa procissão é causa de admiração para muitos Romanos... e turistas. Como a peregrinação tem lugar no final de Outubro, no meio das férias escolares de Todos os Santos, que existem em vários países europeus, acontece estarem numerosas famílias de peregrinos em Roma nessa altura.

Paix liturgique: E foi isso que se passou cada ano desde 2011?

Bruno Roma: Sim, ainda que com anos mais preenchidos do que outros, como o de 2017, em que festejámos o décimo aniversário da promulgação do motu proprio Summorum Pontificum, contando com a presença de numerosos membros de diferentes comunidades tradicionais.

Paix liturgique: E além da procissão?...

Bruno Roma: Com o correr dos anos, outras manifestações foram sendo enxertadas na peregrinação, como foi o caso do “Encontro Summorum Pontificum”, que se realiza desde 2015 e que conheceu um particular sucesso em 2017, quando foi organizado juntamente com o congresso anual da associação italiana “Giovanni e Tradizione”, do Padre Vincenzo Nuara, que veio aliás a pedir que o Encontro tomasse o testemunho da sua organização.

Paix liturgique: Eeste ano, como é que tudo se passou?

Bruno Roma: Este ano foi terrível, sobretudi por causa das restrições devidas ao Covid. A principal constrição foi a diminuição do número de fiéis nas igrejas... foi assim que desde o mês de Março, nos foi anunciado que na missa em São Pedro não poderiam estar presentes mais de 170 fiéis, ao passo que ordinariamente aí se reúnem maid de 2000...

Paix liturgique: E o que fizeram os organizadores?

Bruno Roma: Havia duas opções: ou renunciar de imediato, acreditando que era de todo impossível manter a peregrinação e as outras actividades, ou manter a esperança e acreditar numa possível melhoria da situação.

Paix liturgique: E foi isso que aconteceu?

Bruno Roma: Ainda que com alguns momentos de inquietude e outros de esperança. Infelizmente, no final, apesar da extrema boa vontade da sacristia de São Pedro e a grande boa-vontade do Cardeal Comastri, Arcipreste da Basílica, no início do mês de Outubro, amenos de um mês da peregrinação, mostrou-se não ser possível manter a missa que teria sido celebrada pelo Cardeal Sarah, Prefeito da Congregação para o Culto Divino.

Paix liturgique: Mas isso significou renunciar a todas as actividades?


Bruno Roma: De todo! Desde logo, graças à determinação dos conferencistas, mantivemos o 5º Encontro Summorum Pontificum, que pôde ter lugar como previsto, sexta-feira, 23 de Outubro diante de um auditório bem preenchido.

Paix liturgique: Tanto quanto era previsto?

Bruno Roma: Não, porque, antes de todas estas turbulências, tínhamos mais de 150 inscritos, mas as restrições sanitárias impediram numerosos participantes estrangeiros de viajar até Roma.

Ainda assim, contámos com mais de 90 pessoas, que participaram em toda a jornada, ou parte dela. Note-se, além disso, que entre os participantes, tivemos a alegria de contar com muitos valentes vindos da Alemanha, Espanha, Inglaterra e Portugal, além de França e Itália.

Paix liturgique: Quem foram os palestrantes?


Bruno Roma: Vários deles ficaram impedidos de vir, como foi o caso da nossa amiga Trinidad Dufourq, que era suposto falar-nos do desenvolvimento da tradição na Argentina, e do Pe. Antony Ike, da Nigéria, que estava planeado vir tratar do confronto entre a africanidade e a tradição católica. Mas nem tudo está perdido, e, se Deus quiser, eles estarão presentes no nosso 6º Encontro, em 2021.


 Paix liturgique: E quem foram os palestrantes deste ano?

Bruno Roma: Foram quatro. Em primeiro lugar, tivemos o privilégio de ouvir o Sr. Joseph Shaw, presidente da “Latin Mass Society”, que nos apresentou algumas reflexões sobre o conceito de tradição. Um estudo de grande qualidade, que será publicado numa próxima carta da Paix Liturgique.






Paix liturgique: E depois? 

Bruno Roma: Tivemos também a alegria e o privilégio de assistir a uma magnífica conferência de Sua Eminência o Cardeal Raymond Burke, cujo texto já publicámos na nossa carta 769, de 4 de Novembro. Como se dizia nessa carta, mais uma vez Sua Eminência acedeu aparecer à mameira de cardeal protector deste movimento Summorum Pontificum, cujos esforços ele fez questão de sublinhar, ao mesmo tempo que saudou todos os que trabalharam e trabalham em prol da missa tradicional, exortando-os firmemente, na pessoa dos seus representantes aí reunidos em Roma, a desenvolverem todas as virtualidades do motu proprio do Papa Bento XVI. 








Paix liturgique: E imagino que depois terá chegado o tempo dos “encontros” propriamente ditos...

Bruno Roma : … de facto, entre todos os convidados, à roda de um belo buffet, para um tempo de conversa e troca de impressões, que, como é já hábito, foi um momento alto desta jornada.












Paix liturgique: Em seguida, os trabalhos terão recomeçado, para a sessão da tarde?...

Bruno Roma: E com uma interessante intervenção de Jean de Tauriers, que nos mostrou a dimensão internacional e missionária da peregrinação de Notre-Dame de Chrétienté, que é o modelo histórico das grandes manifestações piedosas em torno da missa tradicional.






Paix liturgique: E por fim, a conclusão dos trabalhos, a cargo de Christian Marquant

Bruno Roma: Na realidade, foi mais do que uma conclusão, pois, ao longo de uma hora, Christian Marquant tentou fazer-nos o esboço da história da nossa ligação à liturgia tradicional, insistindo sobre o facto de que foi esta extraordinária resistência que incitara as autoridades romanas a, primeiro, tolerar-nos e, depois, a reintegrar-nos de pleno direito dentro do âmbito litúrgico oficial, enquanto há quem nos queira fazer crer, ao contrário, que não exixtimos senão em virtude dessa tolerância.





Paix liturgique: E será que isso faz uma diferença tão grande?

Bruno Roma: Uma grande diferença, pois no segundo caso, não existiríamos senão porque certas autoridades o teriam querido e aceite, enquanto que, no outro caso, existimos por causa precismanente da nossa ligação à nossa fé católica e não temos por que temer uma hipotética “mudança do sentido do pêndulo” por parte de alguns detractores malfazejos que poderiam tentar suprimir hoje os benefícios que ontem se nos reconheceram.

Paix liturgique: E assim se encerrou a vossa jornada?

Bruno Roma: Não propriamente, porque o encerramento consistiu numa magnífica cerimónia na igreja de Santa Maria dos Mártires, ou seja, o Panteão, onde o reitor acolheu 170 fiéis (no ano passado, éramos 750...), para as Vésperas pontificais de São Rafael.

Paix liturgique: Vésperas pontificais?

Bruno Roma: Sim, graças ao nosso amigo don Giorgio Lenzi, tivemos a dita de poder acolher a Mons. Gianfranco Girotti, bispo titular de Méta e regente emérito da Penitenciaria Apostólica, que presidiu a esta bela cerimónia organizada pelos sacerdotes do Instituto do Bom Pastor.




Paix liturgique: E não é a primeira vez que organizam uma cerimónia na sexta-feira no Panteão?

Bruno Roma: Já é uma tradição que serve de ponto de ligação entre a jornada do Encontro e a peregrinação propriamente dita. E sobretudo, é uma ocasião belíssima de oração enriquecida por uma música quase celestial, que, neste lugar privilegiado, como que nos dá um antegosto do paraíso.




Paix liturgique: E o que aconteceu no sábado? Porque, se bem compreendi, a procissão de sábado, este ano, foi impossibilitada por razões sanitárias...

Bruno Roma: Assim foi, e foi por isso que o momento alto Summorum Pontificum, desta vez, foi uma belíssima missa pontifical de acção de graças, celebrada pelo Cardeal Burke na igreja da Trinità dei Pellegrini, a portas fechadas, mas repleta com uma multidão de representantes do povo Summorum Pontificum de todas aspartes do mundo, felizes de poderem participar desta bela cerimónia.




Paix liturgique: Dois magníficos dias, então, apesar das circunstâncias?...

Bruno Roma: Foram, de facto, mas temos esperança de que no próximo ano, o nosso Encontro e a Peregrinação Summorum Pontificum possam decorrer normalmente, e já estamos a prepará-los.




Paix liturgique: Já?

Bruno Roma: Sim, todos os organizadores já começaram a meter mãos à obra, para esse momento alto do povo Summorum Pontificum, que acontecerá nos dias 29, 30 e 31 de Outubro de 20121, sob o patronato de Mons. Salvatore Cordileone, arcebispo de São Francisco.